A pressão vivida pelos pilotos da Fórmula 1 é um tema recorrente e constantemente discutido. Esse estresse é sentido tanto por um sete vezes campeão mundial quanto por um novato que enfrenta a pressão de outros quatro pilotos competindo pela mesma vaga.
A Fórmula 1 é o ápice do automobilismo, o sonho de todo piloto que busca mostrar seu talento e habilidade. A pressão sobre os pilotos é algo antigo e afeta desde os mais experientes até os novatos, sendo frequentemente intensificada por críticas que refletem as expectativas da sociedade.
Além da pressão nas pistas, os pilotos também lidam com a cobrança das equipes, da mídia e dos fãs, que esperam sempre o melhor desempenho. Cada movimento, cada decisão, é cuidadosamente analisado, e qualquer erro pode ser interpretado como um fracasso. Para os veteranos, o peso da expectativa cresce à medida que tentam manter seu status de destaque, enquanto os novatos batalham para provar seu valor e garantir seu lugar no grid.
Na abertura da temporada de 2025, Isack Hadjar enfrentou um momento difícil ao perder o controle do carro e bater contra o muro, sem conseguir completar uma volta sequer, já que o acidente ocorreu na volta de apresentação. A reação imediata da mídia e dos fãs foi de críticas pesadas ao erro do piloto. Mas será que realmente entendemos a pressão que ele enfrentou ao estar no volante de um carro de Fórmula 1, vindo de uma categoria de base?
Em meio às críticas, Isack, visivelmente emocionado, recebeu o apoio de ninguém menos que o pai de Lewis Hamilton, que, com toda sua experiência, compreendia bem o peso dessa pressão. Por outro lado, Helmut Marko, conselheiro da Red Bull, não hesitou em criticar Hadjar, alegando que o incidente não passava de um “show”.
Em um ambiente tão competitivo, o equilíbrio mental se torna fundamental. Os pilotos precisam lidar com a constante cobrança e a responsabilidade de representar suas equipes, patrocinadores e até seus países. A Fórmula 1, com todo seu glamour e prestígio, também carrega o fardo das expectativas, e poucos estão preparados para a intensidade dessa pressão.
“À medida que envelheci, comecei a perceber o quão importante é a saúde mental”, disse George Russell. “Na adolescência, passei por momentos desafiadores ao buscar meus sonhos fora da escola, sem muitos amigos ou pessoas da mesma idade ao meu redor. Naquele momento, eu não entendia realmente o que estava acontecendo.”
Ele também compartilhou sobre a montanha-russa emocional que é a Fórmula 1. “Mesmo após um bom fim de semana, você chega na segunda-feira de manhã e sente uma espécie de ressaca emocional”, comentou.
Em entrevista ao The Sunday Times, Lewis Hamilton revelou que as pressões para se destacar desde cedo afetaram sua saúde mental. “Quando estava na casa dos 20 anos, passei por fases desafiadoras. Tive dificuldades com minha saúde mental desde muito jovem, lá pelos 13 anos. A pressão das corridas, as dificuldades na escola, o bullying. Eu não tinha com quem conversar”, desabafou.
Lewis Hamilton, heptacampeão de Fórmula 1, também compartilhou sua experiência, ressaltando que, apesar de todo o talento e habilidade necessários para alcançar a elite da Fórmula 1, muitos pilotos descobrem que o verdadeiro desafio é lidar com o estresse associado à fama e à competição intensa, onde a margem de erro é mínima e a exigência por resultados é altíssima.
Antes do GP dos Estados Unidos de 2024, Helmut Marko fez comentários polêmicos sobre Lando Norris, sugerindo que o piloto apresentava uma “fraqueza mental” para lidar com a disputa pelo título da Fórmula 1 contra Max Verstappen.
"Sabemos que Norris tem algumas fraquezas mentais. Eu li sobre alguns dos rituais que ele precisa fazer para ter um bom desempenho no dia da corrida", afirmou Marko, gerando uma onda de críticas sobre suas declarações.
Essas palavras de Marko levantaram questões sobre como a saúde mental e os métodos pessoais dos pilotos são vistos e abordados dentro do ambiente altamente competitivo da Fórmula 1.
Na Fórmula 1, para muitos, demonstrar sentimentos de diversas formas é visto como uma fraqueza ou como algo que um piloto não deveria exibir em um ambiente tão exigente. No entanto, é impossível ignorar o fato de que cuidar da saúde mental é fundamental, especialmente em um esporte tão desafiador.
Pilotos como Jack Doohan, Liam Lawson e Isack Hadjar enfrentam suas próprias pressões dentro das equipes. Doohan tem quatro pilotos competindo diretamente pelo seu assento, enquanto Lawson, na Red Bull, luta por seu espaço ao lado de Max Verstappen, o campeão e primeiro piloto da equipe. Já Hadjar, membro da academia Red Bull, sente o peso de se destacar não apenas por sua habilidade, mas também em comparação com seu companheiro de equipe.
Seja você um sete vezes campeão mundial com inúmeros recordes ou um piloto novato, a realidade da Fórmula 1 é clara: você sempre terá algo a provar, não importa o seu status. A pressão, a cobrança constante e o desejo de superação são desafios que todos enfrentam, e cuidar da saúde mental se torna uma necessidade, independentemente da experiência ou do título conquistado.